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O barro encantado do Vale do Ribeira

O barro encantado do Vale do Ribeira

2022-10-10

O Vale do Ribeira é uma região que abrange 31 municípios de dois estados: 22 em São Paulo e 9 no Paraná. Algumas dessas cidades estão entre as mais antigas do Brasil, e mesmo assim a região ainda preserva cerca de 20% de toda a Mata Atlântica remanescente. 

Denomina-se Vale do Ribeira as terras vizinhas ao Rio Ribeira de Iguape, compreendendo uma área de importante transição entre o Planalto e o Litoral, passando pela Serra do Mar. Este rio nasce no norte do Paraná, encontrando com os rios Açungui e Ribeirinha, correndo entre as matas fechadas, cruzando fronteiras, escavando morros e regando planícies, até chegar no oceano atlântico, nas praias do município de Iguape. E assim, ele batiza do início ao fim as cidades que visita no interior paulista, costurando pelas águas a história desse povo. 

Por conta de sua grande extensão territorial e rica diversidade ecológica, o Vale do Ribeira é subdividido entre Alto, Médio e Baixo Ribeira. Esta primeira parte, o Alto Vale, tem paisagem montanhosa com mata densa de árvores de grande porte, terreno rochoso diverso e muitas corredeiras que formam erosões de vales profundos e transporta grandes volumes de sedimentos, que são particularmente importantes para o fornecimento de matéria-prima para a produção da cerâmica artesanal. 

Há muito anos atrás, quando pesquisávamos as cenas de cerâmica em diferentes estados do Brasil, tomamos conhecimento do artesanato do Vale do Ribeira. Nesta coleção, quando nos voltamos para a terra, para o chão, para as histórias que nascem e terminam ali enterradas para germinar novas vidas, decidimos enfim fazer essa conexão. Tínhamos o desejo de voltar ao nosso território, o estado de São Paulo, as muitas potências aqui presentes que muitas vezes esquecemos e resumimos à capital, ao centro urbano e cosmopolita. 

A cerâmica produzida ali tem origem indígena (de maneira geral, Guarani, etnia presente na região), e também quilombola. Este artesanato tornou-se ao longo do tempo um importante testemunho de ocupação e resistência do modo de vida local, construindo junto com a esfera social a identidade do povo do Alto Ribeira. 

Nos municípios de Apiaí, Barra do Chapéu e Itaoca concentram-se mais de 60 artesãos que vivem do artesanato de cerâmica, às vezes como atividade principal, às vezes complementar às atividades agrícola e pecuária. A união de 4 grupos de ceramistas deu origem ao Polo Cerâmica do Alto Vale do Ribeira e à Rota da Cerâmica. 

Graças às mestras como Dona Sinhana — criadora das mais famosas panelas de barro — o modo de fazer cerâmica ancestral foi preservado, sendo passado de geração em geração. Artesãos e artesãs manifestam seus saberes sobre a terra através destas antigas práticas de manufatura.

O barro utilizado na produção das peças é retirado em barreiros da região, havendo uma preocupação em recuperá-los para preservar o meio ambiente. É um barro “encantado”, rico em minérios que conferem um brilho especial às peças. Por vezes, na retirada do barro, encontra-se resquícios de antigas peças moldadas por povos ancestrais. Arqueologia desta tradição, que nasce, enterra e renasce. 

“Isto aqui é barro. É um barro que Deus preparou bem. Preparado mesmo, barro limpo, não é barro sujo não. Por cima é terra, qualquer terra, barro à toa. Então dá escondido no chão, não é qualquer um que conhece. Não sabe onde é que tem. Este aqui é encante, encante. Isto é barro encante. Ele dá escondido, mesma coisa do ouro.”

Dona Sinhana, artesã de Itaoca, Vale do Ribeira, em entrevista concedida às pesquisadoras HEYE e TRAVASSOS, 1989: 16.

Nos fornos caseiros, os artesãos e artesãs produzem peças utilitárias a partir de roletes de barro que são moldados manualmente e por vezes passam pela técnica de defumação, para adquirir um tom mais escuro ou são decoradas com tintas também feitas do barro. 

Mestre Abrãao, conhecido aprendiz de Dona Sinhana e nosso parceiro junto da esposa Aline, hoje é responsável por formar novos artesãos nos municípios. Ele lapida as peças com uma antiga pedra que herdou de sua mestra. 

As técnicas de cerâmica são utilizadas majoritariamente para a produção de panelas para cozimento, cumbucas e cuias. Mas em nossa parceria, Aline desenvolveu pequenas peças delicadas, elos que constroem correntes em brincos e colares.

Os acabamentos são feitos em latão com banho de ouro por nossos parceiros da capital Estúdio Iracema. Reforçamos assim nosso papel de fazer teia, conectando fornecedores, conhecimentos e materiais. 

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